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Eritema Marginado

01/05/2025

Eritema Marginado (Erythema Marginatum)


Eritema marginado (Erythema Marginatum) é uma erupção cutânea associada principalmente à febre reumática resultante de uma complicação de infecções estreptocócicas do grupo A não tratadas (por exemplo, faringite estreptocócica). É um dos critérios maiores de Jones para o diagnóstico. O eritema marginatum foi descrito pela primeira vez em 1831 por Bright e mais tarde foi considerado uma manifestação cutânea de febre reumática em 1881 por Barlow e Cheadle.

É considerado um dos eritemas figurados. Os eritemas figurados representam um grupo de condições distintas com diferentes causas subjacentes e apresentações clínicas. Incluem eritema anular centrífugo, eritema gyratum repens, eritema marginado, eritema migratório e eritema migratório necrolítico, que são pistas importantes para doenças subjacentes.

Epidemiologia. O eritema marginado ocorre em menos de 10% dos casos de febre reumática, sendo difícil a sua detecção em pessoas de pele escura. Mais comum em crianças/adultos jovens. É raro em locais com muitos recursos devido ao melhor gerenciamento de estreptococos

Manifestações clínicas. As placas eritematosas, migratórias, policíclicas e não pruriginosas normalmente migram em minutos ou horas. Elas se localizam principalmente no tronco, abdome e faces internas proximais de membros superiores e inferiores, poupando a face. A borda externa da lesão é fina, já a interna é difusa. As lesões típicas têm centro pálido, podendo serem reproduzidas por aplicação de calor local, ficando claras durante dígito-pressão. O eritema marginado ocorre em associação com febre reumática devido à infecção estreptocócica do grupo A. Ocorrem geralmente no início da doença, porém podem persistir ou recorrer durante meses. Geralmente segue o início da artrite migratória, mas pode ocorrer meses após a cardite. Essa manifestação está associada à cardite, mas não necessariamente à cardite grave.

Diagnóstico. Nem todos os casos de eritema marginado são febre reumática, mas é um forte indicador. Raramente ligado a angioedema hereditário, psitacose ou reações alérgicas. É digno de nota que um caso de eritema marginado hemorrágico foi relatado como toxicidade cutânea ao sorafenibe em um paciente em tratamento para carcinoma hepatocelular.
Portanto, se alguém apresentar essa erupção cutânea, é preciso procurar outros sinais de febre reumática, verificar se há infecção estreptocócica recente com títulos de ASO ou culturas de garganta e avaliar o coração em busca de sopros ou outros sinais de cardite. Assim deve-se procurar os critérios de Jones para febre reumática:

• Critérios de Jones para Febre Reumática:
• O eritema marginatum é um dos principais critérios, ao lado de:
• Cardite (inflamação do coração).
• Poliartrite.
• Coreia de Sydenham.
• Nódulos subcutâneos.
• E complementar com testes:
• Cultura de garganta/teste rápido de antígeno para infecção estreptocócica.
• Títulos de antiestreptolisina O (ASO).
• Ecocardiograma para avaliar o envolvimento cardíaco.

A Coreia de Sydenham, também conhecida como coreia reumática ou dança de São Vito, é um distúrbio neurológico que ocorre em crianças e jovens, geralmente como uma complicação da febre reumática. É caracterizada por movimentos involuntários, bruscos e irregulares, principalmente em membros e face. É principalmente um processo imunomediado, ou seja, o sistema imunológico ataca erroneamente as células nervosas, principalmente nos gânglios da base do cérebro. É uma reação autoimune desencadeada por uma infecção por estreptococos, geralmente uma faringite ou amigdalite.

Diagnóstico Diferencial. É feito com:
1. Eritema Migrans (doença de Lyme): Erupção cutânea em forma de olho de boi com clareamento central.
2. Tinea Corporis (micose): Infecção fúngica escamosa, com coceira.
3. Urticária: pápulas transitórias e com coceira.
4. Eritema Multiforme: Lesões-alvo, muitas vezes desencadeadas por infecções/medicamentos.

Tratamento. Objetivos:
1. Tratar a febre reumática subjacente:
• Antibióticos: Penicilina ou alternativas para erradicar os estreptococos.
• Anti-inflamatórios: aspirina ou corticosteroides (para cardite).
• Profilaxia: Antibióticos de longo prazo (por exemplo, penicilina mensal) para prevenir a recorrência.
2. Monitore complicações:
• Doença cardíaca reumática (dano valvular).

Prognóstico. Depende de tratamento oportuno e envolvimento cardíaco. A intervenção precoce reduz o risco de danos cardíacos crônicos. Se houver suspeita de eritema marginado, a avaliação imediata da febre reumática é fundamental para prevenir sequelas a longo prazo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. Chakraborty PP, Chakraborty M. Erythema marginatum rheumaticum. 2016 Jan 27;4:1-2.

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5. Sharma S, Biswal N. Erythema Marginatum. Indian Pediatr. 2015 Dec;52(12):1100.



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